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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Classe reptilia


Répteis
Grupo heterogêneo de vertebrados amniotas, que inclui: quelônios, jacarés, serpentes, lagartos e, segundo alguns autores, as aves.

REPTILIA
Quelônios Squamata Crocodilia Aves Mamíferos
Origem
Surgiram no Carbonífero (320 m.a.), provavelmente a partir de um ancestral anfíbio. Nesta época todos os continentes estavam unidos em um único super-continente, a Pangea. Não apareceram repentinamente (existem animais de transição de difícil classificação entre répteis e anfíbios).
Durante milhões de anos, animais com características intermediárias entre anfíbios e répteis, passaram de uma vida parcialmente terrestre para uma vida totalmente terrestre. As relações filogenéticas basais entre os répteis não são bem conhecidas e o seu estudo está em andamento.
A origem e grande irradiação adaptativa dos répteis parece estar relacionada à irradiação adaptativa dos insetos no Carbonífero superior (a irradiação adaptativa dos insetos e plantas também foi inter-relacionada). Pela primeira vez havia alimento terrestre suficiente para vertebrados totalmente terrestres e carnívoros.
Os primeiros répteis eram animais pequenos conhecidos como captorrinídeos. Eram animais parecidos morfologicamente aos lagartos atuais e provavelmente se alimentavam de insetos. Alguns autores acreditam que os captorrinídeos foram os responsáveis pela origem de todos os demais répteis, bem como das aves e mamíferos.
Rapidamente, após a origem dos répteis, diversos grupos evoluíram como grupos de maiores dimensões e sofreram uma grande diversificação de formas e hábitos alimentares. Por exemplo, formas terrestres lentas e ágeis, formas voadoras, formas aquáticas; espécies com hábitos alimentares herbívoros, necrófagos e carnívoros.
Além da irradiação das plantas e insetos no meio terrestre, a evolução do ovo amniótico foi um passo decisivo na conquista definitiva do meio terrestre pelos répteis. Os anfíbios não desenvolveram este tipo de ovo, motivo pelo qual jamais ganharam uma independência definitiva do meio aquático ou de ambientes úmidos. O ovo amniótico ocorre em répteis, aves e mamíferos.
Graças à evolução do ovo amniótico (juntamente com a irradiação das plantas e insetos) os répteis diversificaram-se tanto na era Mesozóica (245 a 80 m.a.) que esta é conhecida como a idade dos répteis. O domínio dos répteis durou cerca de 160 m.a.; os dinossauros foram apenas duas das linhagens de répteis. Diversas outras linhagens, menos espetaculares em tamanho, ocorreram antes, durante e depois dos dinossauros. Os répteis do Mesozóico colonizaram quase todas as zonas adaptativas que hoje são ocupadas por todos os vertebrados terrestres, representando o primeiro grande experimento dos vertebrados na ocupação generalizada do meio terrestre. Considerando-se
as aves como dinossauros que adquiriram a endotermia, então o domínio dos dinossauros continuaria até os dias de hoje, pois as aves correspondem ao grupo mais diversificado de tetrápodas.
O Declínio dos Répteis
Várias hipóteses e teorias foram propostas e podem ser agrupadas em dois grupos principais: Impacto de grande meteorito - nuvem de pó
1) Resultante de fatores abióticos Aumento na concentração de CO2 atmosférico
Alterações de temperatura (glaciações)
Falta de alimentos
2) Resultante de fatores bióticos Competição com os mamíferos
Características gerais dos répteis:
1) Ectotérmicos (=poecilotérmicos) - Não queimam a energia dos alimentos para se aquecer (como fazem aves e mamíferos) e assim podem investir uma maior proporção desta energia em crescimento e reprodução. Isto explica as grandes dimensões alcançadas pelos dinossauros. Os répteis têm alta eficiência na produção de biomassa (crescimento e produção de filhotes) que é 10 vezes maior que em aves e mamíferos.
2) Apresentam um único côndilo occipital.
3) Pele seca, queratinizada, sem pêlos e penas (isto se usarmos um critério conservador e considerarmos as aves como outro grupo), com escamas.
4) Ovo amniótico (cleidóico).
5) Coração com três ou quatro câmaras (2A + 1V ou 2A + 2V)
6) Cauda presente.
Classificação dos répteis atuais
Subclasse Anapsida
Ordem Testudinata (tartarugas) - 250 espécies
Subordem Cryptodira - 9 famílias (escondem a cabeça formando um “S” com o
pescoço); 200 espécies
Subordem Pleurodira - 2 famílias (escondem a cabeça deslocando lateralmente o pescoço); 50 espécies
Subclasse Archosauria
Ordem Crocodylia - 21 espécies
Famílias: Alligatoridae (ocorre no Brasil)
Crocodylidae (ocorre no Brasil)
Gavialidae
Subclasse Lepidosauria (répteis com escamas)
Ordem Sphaenodontia - 1 família; 1 único gênero atual: Sphenodon (tuatara); 2 espécies
Ordem Squamata (95% das espécies atuais de répteis pertencem a esta ordem)
Subordem Amphisbaenia (cobra-cega) - 2 famílias; 200 espécies
Subordem Lacertília (lagartos) - 16 famílias
98% das espécies de
Subordem Ophidia (serpentes) - 10 famílias Lepidosauria
As características dos crânios dos répteis são usadas para separar as subclasses atuais e extintas dos répteis:
1) Anapsida (tartarugas): Sem aberturas na região temporal do crânio.
2) Synapsida (extintos); exemplo therapsídeos: Apresentam uma única abertura entre os ossos pósorbital, jugal e esquamosal.
3) Euryapsida (extintos); exemplo Ichthyosaurus: Apresentam uma única abertura entre os ossos pós-orbital, esquamosal e parietal.(Este tipo de crânio é de importância menor dentro da classificação, pois parece ser uma especialização ao modo de vida dos ictiosauros).
4) Diapsida (Archosauria e Lepidosauria): Apresentam duas aberturas, uma entre os ossos pósorbital, jugal e esquamosal e outra entre os ossos pós-orbital, esquamosal e parietal.

Sistema esquelético: Muito variável entre os diferentes grupos de répteis. O crânio pode ser do tipo
Anapsida, Synapsida, Euryapsida e Diapsida. De uma maneira geral (excluindo-se as serpentes), o crânio dos répteis é, de uma maneira geral, mais ossificado que o dos anfíbios (em serpentes pode ser menos ossificado que em anfíbios). Em alguns lagartos (exemplo: Tuatara) há uma abertura parietal na região da glândula pineal (terceiro olho).
Os dentes estão ausentes nos quelônios atuais, que apresentam um bico córneo. No entanto, embriões de quelônios podem exibir dentes, atestando a perda secundária destas estruturas. Os demais répteis possuem dentes, que geralmente são substituíveis. Os dentes são formados por dentina envolvida por esmalte. Há pelo menos três tipos distintos de implantação de dentes em répteis: acrodonte, pleurodonte e tecodonte.
A maioria dos répteis apresenta homodontia, ou seja dentes iguais e com pouca distinção de funções (exemplo: maioria dos lagartos). Alguns répteis apresentam heterodontia, ou seja diferentes tipos de dentes, cada qual com funções distintas (exemplo: serpentes peçonhentas). A heterodontia indica maior especialização alimentar. Os dentes são importantes no apresamento e
ingestão dos alimentos, bem como na defesa contra agressores (predadores ou coespecíficos). Nas serpentes podem injetar a peçonha.
As mandíbulas podem ser fundidas como em Crocodylia ou conectadas apenas por ligamentos frouxos como em serpentes.
A coluna vertebral está diferenciada em quatro regiões: cervical, dorsal, sacral e caudal, exceto em répteis sem membros, onde tal separação pode ser menos conspícua.
Membros locomotores: são bastante diversificados, de acordo com os hábitos e habitats ocupados. Podem estar reduzidos ou ausentes; adaptados a andar, correr, nadar.

Sistema muscular: Devido ao maior desenvolvimento das costelas e também aos tipos mais avançados de locomoção em relação aos anfíbios, os músculos axiais (tronco) passam a ser complexos de forma similar ao que se observa em mamíferos. Nas serpentes os músculos axiais são extremamente desenvolvidos para suprir a falta dos membros. Nos quelônios os músculos axiais são pouco desenvolvidos devido à presença da carapaça. Os músculos dos membros dos quelônios são bem desenvolvidos, principalmente em formas corredoras.

Tegumento: A pele dos répteis é formada por duas camadas principais: epiderme (mais externamente) e derme (sob a epiderme) derivadas de tecidos da ectoderme e da mesoderme, respectivamente. Os répteis trocam regularmente a epiderme, que sai inteira ou em pedaços. As escamas dos répteis são queratinizadas e derivadas da epiderme; não são homólogas às escamas dos peixes, que têm origem dérmica. Em climas frios há uma tendência às espécies de répteis apresentarem escamas menores quando comparadas às espécies de climas quentes.
Na derme podemos encontrar: tecido nervoso, vasos sanguíneos e células pigmentares. Nos camaleões as células pigmentares parecem ser controladas pelo sistema nervoso, de forma similar ao que se observa para anfíbios: a luz estimula o órgão pineal provocando a liberação de melatonina que contrai os melanóforos da pele, provocando o seu clareamento. A ausência de luz provoca o inverso. Como anexo tegumentar, além das escamas de origem epidérmica, ocorrem as unhas, de origem dérmica.

Aparelho circulatório: Coração com três (2 átrios e 1 ventrículo) ou quatro câmaras (2A e 2V). O ventrículo pode ser parcialmente dividido em dois (na maioria dos répteis) até quase totalmente dividido (nos Crocodylia). Nos répteis as veias pulmonares apresentam-se mais desenvolvidas que nos anfíbios. A circulação nos répteis é dupla (circulação pulmonar e circulação sistêmica) e ocorre certa mistura de sangue venoso e arterial no coração. Os eritrócitos dos répteis são nucleados. Vasos linfáticos compõem o sistema linfático, que corresponde a um meio de retorno dos fluidos no sentido das células até o coração. Muitos répteis apresentam um par de corações linfáticos contráteis na região pélvica, o que não ocorre em aves e mamíferos.

Aparelho respiratório: É formado por: narinas, cavidade bucal, traquéia, brônquios (que podem se dividir em primários, secundários e terciários) e pulmões. Além de deglutir ar como os anfíbios, fazem uso de músculos abdominais e de músculos das costelas para aspirar ar até os pulmões. Em termos de complexidade, os pulmões dos répteis são intermediários aos pulmões de anfíbios e dos vertebrados superiores (aves e mamíferos). São considerados como mais complexos que os pulmões dos anfíbios, pois apresentam um maior número de câmaras e alvéolos. Isto implica em maior eficiência do órgão respiratório, pois há maior superfície de trocas gasosas.
Nas serpentes o pulmão esquerdo é reduzido ou ausente e o direito é alongado, seguindo a forma do corpo do animal. Os Crocodylia apresentam os pulmões mais complexos entre os répteis, sendo semelhantes aos pulmões de mamíferos. Alguns quelônios aquáticos, além dos pulmões, respiram pela pele, faringe e cloaca.

Sistema digestório: É adaptado aos hábitos alimentares de cada espécie. É composto basicamente por: cavidade bucal com glândulas salivares, língua, esôfago, estômago, intestino delgado, divertículo cecal (ausente nos Crocodylia), intestino grosso e cloaca. O pâncreas e o fígado são glândulas associadas aos processos digestivos e com ductos que desembocam no trato digestivo.

Aparelho urogenital: Apresentam um par de rins. No adulto o rim é do tipo metanéfrico, ou seja, só a parte posterior do rim embrionário permanece funcional. Alguns répteis apresentam glândulas secretoras de sal (cloreto de sódio) na cabeça, que desembocam nas vias nasais (muito desenvolvidas nas iguanas marinhas de Galápagos). Acredita-se que em espécies de ambientes mais áridos estas glândulas estejam relacionadas a uma economia de água, pois se a urina contiver baixas concentrações de sal, poderá ser absorvida na cloaca. Serpentes marinhas podem eliminar sal com o auxílio de glândulas salivares modificadas.
As fêmeas apresentam ovários pareados. Os ovários são geralmente grandes devido a grande quantia de vitelo (=gema do ovo) que normalmente a fêmea transfere para os ovos. Um par de ovidutos conduzem os óvulos produzidos nos ovários. Os ovidutos possuem paredes glandulares que secretam a albumina (=clara do ovo) e a casca do ovo. A fertilização é interna e ocorre geralmente na parte superior do oviduto.
Os machos apresentam testículos pareados; no caso de serpentes e alguns lagartos o testículo direito pode estar a frente do esquerdo. Todos os machos de répteis atuais possuem órgão copulador (exceto Sphenodon). Nos Quelônios e Crocodylia ele é similar ao órgão copulador de mamíferos.
Em lagartos e serpentes freqüentemente consiste de um par de estruturas saculiformes chamadas de hemipênis. A morfologia do hemipênis pode favorecer o isolamento reprodutivo entre espécies distintas, desde que a morfologia cloacal de uma fêmea geralmente não estará perfeitamente adequada à morfologia do hemipênis de um macho heteroespecífico. Cada hemipênis está associado a um testículo.

Sistema nervoso: O sistema nervoso dos répteis é considerado como mais complexo que o de anfíbios, possuindo diversas características similares às observadas no sistema nervoso de mamíferos. Por exemplo, o cerebelo dos répteis é relativamente maior que o dos anfíbios, mas ainda é menor que o cerebelo de aves e mamíferos, os quais têm capacidade locomotora maior. A partir dos répteis são observados 12 pares de nervos craniano (10 em peixes e anfíbios), que se mantêm nas aves e mamíferos.

Órgãos dos sentidos: Botões gustativos estão presentes na faringe.
Visão: O olho é o órgão sensorial mais importante para a maioria das espécies de répteis. A acomodação da visão se faz pela alteração na forma do cristalino (e não na movimentação dele para frente e para tras, como em peixes e anfíbios): cristalino plano = visão acomodada para longe; cristalino redondo = visão focada para perto.
Ouvido: Muito variável entre os diferentes grupos de répteis. Bem desenvolvido em lagartos e jacarés, que apresentam ouvido externo, médio e interno. Nas serpentes e quelônios o ouvido não se exterioriza e as vibrações são transmitidas ao ouvido interno através dos ossos da mandíbula e crânio. As serpentes percebem as vibrações do solo.
Olfato: o epitélio olfativo localiza-se numa câmara próxima às narinas. O órgão de Jacobson é bem desenvolvido em diversos répteis. Este órgão é pareado e associado aos órgãos olfativos. O órgão de Jacobson é uma parte modificada da cavidade nasal. Fica no céu da boca e é mais desenvolvido em serpentes e lagartos. É sensível a partículas odoríferas presentes no ar, que são apanhadas com a língua. O animal toca com a(s) ponta(s) da língua no órgão de Jacobson, podendo perceber odores.
Termorrecepção: Conhecida em serpentes. Nos viperídeos (Crotalinae) ocorre a fosseta loreal, que é um órgão termorreceptor e nos Boidae ocorrem células termorreceptoras ao longo dos maxilares. Detectam presas por variação de temperatura em relação ao ambiente. Serpentes que usam órgãos termorreceptores geralmente caçam presas endotérmicas, as quais geralmente
apresentam temperaturas mais elevadas que o meio circundante.

Ordem Testudinata (quelônios)
Tartarugas e cágados são as formas aquáticas; jabutis são as formas terrestres.
Os quelônios são animais morfologicamente conservativos. Originaram-se no Triássico e pouco mudaram nos mais de 200 milhões de anos de evolução. A chave do sucesso do grupo, o casco externo que confere proteção, limitou a diversificação do grupo. Quelônios voadores e planadores nunca existiram e o hábito arborícola existe apenas de forma incipiente.
Os quelônios são animais derivados e especializados e encontram-se entre os vertebrados mais bizarros, sendo recobertos por um casco ósseo externo, patas dentro das costelas e bico córneo no lugar dos dentes. Se fossem animais extintos eles rivalizariam com os dinossauros em termos de inovações morfológicas.
Algumas formas apresentam articulação no plastrão, que permite esconder mais eficientemente as partes moles e vulneráveis do corpo. Certas formas dispõem de fortes maxilas e mordem quando ameaçadas. Certas formas aquáticas (tartarugas-de-casco-mole) sofreram forte redução na ossificação do casco, tornando-se animais mais leves e ágeis. Em outras formas aquáticas (tartarugas-almiscaradas) apenas o plastrão sofreu reduções, permitindo que os animais subam alguns metros nos troncos de árvores para aquecerem-se ao sol.
Os Cryptodira são mais diversificados, sendo cosmopolitas (só não ocorrem na Austrália).
Os Pleurodira só ocorrem no Hemisfério Sul (no passado ocorriam no Hemisfério Norte), sendo menos diversificados (todas as formas atuais são aquáticas, mas no passado houve formas terrestres).
As espécies de tartarugas-marinhas são todas Cryptodira. Podem atingir grandes dimensões (a tartaruga-de-couro ultrapassa 2 m de comprimento e 600 kg de peso). As tartarugas-de-couro alimentam-se de águas-vivas e podem mergulhar até 1200 m no mar.
Respiração
Existem limitações mecânicas para a respiração de um vertebrado contido no interior de um casco rígido. Para permitir a tomada de ar, certos músculos contraem-se, aumentando o volume da cavidade visceral, permitindo que as vísceras acomodem-se para baixo. Pela contração de outros músculos, as vísceras são forçadas para cima, comprimindo os pulmões e forçando a exalação do ar.
Reprodução
Durante as interações sociais os quelônios usam sinais táteis, visuais e olfativos. Todos os quelônios são ovíparos e os ovos são depositados no ambiente terrestre (jamais na água). As fêmeas usam as patas posteriores para cavar um ninho no solo, onde desovam entre 4 ovos, nas espécies pequenas, até mais que 100 ovos, nas tartarugas-marinhas. Os ovos podem ter cascas moles ou rígidas, de acordo com a espécie, e o desenvolvimento até a eclosão também é variável de acordo com a espécie (28 a 420 dias). Em algumas espécies a determinação sexual dos embriões é dependente da temperatura de incubação dos ovos. Geralmente as altas temperaturas de incubação produzem o sexo de maior porte, ou seja geralmente fêmeas no caso de quelônios (a determinação sexual pela temperatura de incubação também pode ocorrer em lagartos e crocodilianos).

Os Lepidosauria: Tuatara, Lagartos, Amphisbaenias e Serpentes
Sphenodontia (representantes atuais: duas espécies de tuatara, gênero Sphenodon)
Popularmente conhecidos como Tuatara
Foi um grupo diversificado no Mesozóico. As formas atuais estão restritas à Nova Zelândia.
Possuem dentes presos à superfície das maxilas (dentes acrodontes). As formas fósseis podiam possuir este tipo de dentes ou dentes pleurodontes (presos por suas superfícies laterais às maxilas), que ocorrem atualmente em alguns lagartos (Lacertilia). Os tuatara são animais noturnos pequenos, que medem cerca de 60 cm de comprimento e alimentam-se principalmente de artrópodes e eventualmente de pequenos vertebrados (anuros, lagartos e aves). Os tuatara vivem em tocas que podem ser compartilhadas com aves marinhas. As tocas dos tuatara são espaçadas por cerca de 3 m e os animais são territoriais, utilizando-se de vocalizações e mordidas durante as interações sociais.


Lacertilia (3.000 espécies de lagartos)
Grupo mais diversificado dos répteis atuais. Variam em tamanho desde 3 cm de comprimento e alguns gramas de peso até 3 m de comprimento e mais de 70 kg, como é o caso do dragão de Komodo. Cerca de 80% das espécies atuais de lagartos pesam menos de 20 g quando adultos.
Os lagartos correspondem a um grupo bem sucedido, ocupando os mais variados habitats, como ambientes marinhos (o iguana marinho das Ilhas Galápagos alimenta-se de algas a mais de 10 m de profundidade), pântanos, desertos, florestas, montanhas. Existem formas de chão e formas arborícolas.

Reprodução: Fecundação interna; os machos apresentam órgão copulador; ocorre desde espécies ovíparas até espécies vivíparas.

Alimentação: Os hábitos alimentares também são variados nos lagartos. Existem formas onívoras como as espécies de teiús (gênero Tupinambis, família Teiidae), espécies herbívoras que se alimentam de folhas (gênero Iguana, família Iguanidae), espécies predadoras especializadas em insetos (80% dos lagartos), caramujos (gênero Dracaena, família Teiidae) e predadores de grandes vertebrados, como o dragão-de-Komodo (Varanus komodoensis, família Varanidae), que pode predar búfalos, cabras e veados, que são tocaidos por grupos de lagartos.

Amphisbaenia
Este grupo inclui cerca de 150 espécies de Squamata altamente especializados no hábito fossório. A grande maioria destes animais é ápode; apenas as espécies mexicanas do gênero Bipes possuem membros anteriores bem desenvolvidos, usados na penetração do solo, mas não na escavação subterrânea. O crânio é compacto e rígido, sendo usado na escavação de galerias no solo.

SERPENTES
As cerca de 3.000 espécies de serpentes são cosmopolitas, ausentes somente nas regiões polares, em altitudes muito grandes e em algumas ilhas isoladas. A maioria é terrestre, mas existem várias fossórias, aquáticas (inclusive marinhas) e arborícolas. Podem ser encontradas nos mais variados ambientes terrestres (desertos de areia, desertos com arbustos, caatinga, restingas, cerrados, florestas, etc) e aquáticos (poças, lagos, rios e oceanos).
O corpo das serpentes é coberto por escamas, que podem ser lisas ou quilhadas. Ocorre muda periodicamente. A capa externa do estrato córneo se separa da interna e o espaço intermediário se enche com um líquido semelhante a linfa, iniciando a muda.
A audição é limitada a freqüências baixas. Não possuem ouvido externo, as alterações sofridas pelo crânio resultaram na regressão do ouvido. Os únicos ossículos do ouvido estão em contato com os ossos da boca, pelos quais os sons são recebidos e transmitidos. Não possuem pálpebras; olhos sob escama transparente rígida (nunca fecham o olho).
As glândulas cutâneas são raras entre os répteis. Em algumas espécies de serpentes há glândulas cloacais que secretam um líquido malcheiroso, usado na defesa.
Devido a forma alongada, existem vários graus de redução do pulmão esquerdo (em Caenophidia já há redução total; nos grupos mais basais há diferentes graus de redução). A traquéia é suportada por cartilagens e se divide no tórax em um ou dois brônquios. O mecanismo de ventilação pulmonar se dá por inspiração por sucção ativa e expiração por pressão. Isso é possível porque os répteis têm os pulmões em uma cavidade fechada, que pode ser expandida e comprimida por contrações musculares. Em algumas espécies de serpentes, parte da traquéia é recoberta com epitélio respiratório, como um pulmão traqueal especializado. As serpentes aquáticas respiram pela cavidade bucal e por redes capilares situadas sob a epiderme que possibilita a respiração cutânea, além da pulmonar.

Principais Famílias de serpentes no Brasil.

Família Boidae - Cerca de 63 espécies em 20 gêneros. No Brasil: Boa (jibóia) Corallus,
Epicrates, Eunectes (sucuri), Xenoboa. Maioria entre 2 e 4 metros. Eunectes murinus (sucuri) e Phyton reticulatus são conhecidas como as maiores serpentes do mundo, podem chegar a 10 metros ou mais.
Caenophidia: “Serpentes avançadas” - maioria das espécies atuais. Sem vestígios de membros posteriores. Não possuem pulmão esquerdo. Adaptação para a ingestão de grandes presas. Ossos do crânio relacionados com a ingestão se articulam livremente.

Família Colubridae –Inclui cerca de 70% de todas as espécies de serpentes, ou mais do que 1700 espécies em aproximadamente 320 gêneros. No Brasil 55 gêneros. Exemplos: Atractus, Chironius, Erythrolamprus, Helicops (cobra d’água), Imantodes, Liophis, Oxyrhopus (falsa coral), Waglerophis (boipeva), Sibynomorphus (dormideira), Philodryas, Xenodon, Tomodon.

Família Viperidae – Aproximadamente 215 espécies e cerca de 20-27 gêneros. No Brasil cerca de 23 espécies nos gêneros Bothrops (jararaca), Crotalus (cascavel) e Lachesis (surucucu, pico-de-jaca). Fosseta loreal nos Crotalinae (duas subfamílias: Crotalinae e Viperinae). O maior viperídeo do mundo é a Lachesis muta (surucucu), que chega a mais de 3 metros de comprimento.

Família Elapidae – 280 espécies em 62 gêneros. Inclui as serpentes marinhas (± 60 espécies). No Brasil, 26 espécies de Micrurus (coral verdadeira). Na Austrália só há elapídeos e é neste continente onde há maior diversificação desta família.

Alimentação
As serpentes são carnívoras, os dentes agudos e recurvados estão adaptados para agarrar a presa. Nas serpentes, a técnica de alimentação envolveu notáveis modificações estruturais do crânio e maxilares. Além da redução do esqueleto facial, que liberta os maxilares da caixa craniana, o cérebro é encerrado num osso, para proteção contra o contato com a presa. O osso quadrado, que liga frouxamente o maxilar inferior ao crânio, funciona como uma dupla dobradiça. As extremidades frontais do maxilar inferior não se articulam com firmeza na região anterior, sendo frouxamente presas entre si por um ligamento. Desse modo, cada um dos ossos do maxilar inferior constitui uma unidade capaz de mover-se livremente. Isso confere as serpentes uma capacidade excepcional da abertura bucal e uma capacidade de distensão limitada unicamente pela elasticidade dos tecidos moles da boca e da garganta.
As glândulas bucais são: palatinas, linguais, sublinguais (mandibulares) e labiais. As labiais se modificam em glândulas de veneno. Em algumas serpentes, a glândula labial superior se diferencia e produz secreções tóxicas (glândula de Duvernoy). Todas as serpentes peçonhentas possuem uma musculatura compressora para a glândula de veneno.
Os ofídios localizam suas presas geralmente pelo olfato ou, no caso dos viperídeos, com auxílio de um órgão termorreceptor, a fosseta loreal. Espécies não peçonhentas ou engolem a presa viva, ou matam por constrição. As peçonhentas, picam a presa e soltam, ou seguram na boca até o efeito do veneno, e depois engolem. Entre as serpentes encontramos espécies que se alimentam desde invertebrados a todas as classes de vertebrados. A faringe e o esôfago são extremamente extensíveis. O alimento chega rapidamente ao estômago, onde é submetido a elevadas concentrações de ácido clorídrico. Somente as partes cornificadas (unhas, pelos, penas) não são digeridas, os ossos são dissolvidos.

Reprodução
A fecundação é interna e o órgão copulador é uma estrutura par denominada hemipênis.
Popularmente o hemipênis é conhecido como os “pés da cobra”. Pode haver dimorfismos sexuais.
As fêmeas podem ser maiores em espécies vivíparas, onde há a necessidade de tamanho corpóreo compatível com o transporte dos filhotes. Ocorrem praticamente todas as possibilidades de oviparidade e viviparidade. Existem (1) espécies que possuem um período de desenvolvimento dentro da fêmea bem curto e um período de pós-oviposição longo; (2) espécies que retém ovos por um longo período, abreviando muito o período pós-oviposição; (3) espécies que retém os embriões até que estejam completamente formados.
Geralmente os ovos são colocados em locais protegidos com microclima adequado, especialmente com temperaturas altas e umidade suficiente. Nas espécies vivíparas, a mãe geralmente expõe-se ao sol para atingir temperaturas adequadas para o desenvolvimento rápido dos filhotes.

OFIDISMO
De acordo com a classificação usual, existem serpentes peçonhentas e não peçonhentas, identificadas pela capacidade de inocular o veneno. Animais que possuem toxinas, mas não têm meios ativos de injetá-las, não são considerados peçonhentos. Existem quatro tipos de dentição em serpentes, levando em conta a capacidade de injetar o veneno:

Áglifa: (a = ausência; glyphé = sulco) Os dentes do osso maxilar são maciços, não apresentando sulcos ou ranhuras. Estas serpentes não são consideradas peçonhentas.

Opistóglifas: (opisthos = atrás) Os dentes do maxilar superior são quase idênticos aos das aglifas, mas o último dente geralmente é maior e apresenta sulco ou goteira longitudinal que permite a inoculação de veneno. Essas serpentes são consideradas intermediárias entre peçonhentas e não peçonhentas e podem causar acidentes com humanos de certa gravidade. As falsas corais fazem parte deste grupo de serpente.

Proteróglifas: (protero = dianteiro) No Brasil constituem um grupo de serpentes com o maxilar superior quase sem dentes, evidenciando-se apenas o dente anterior de veneno, dotado de sulco profundo, em um canal central; este dente é fixo e não móvel como o das solenóglifas. Esse tipo de dente caracteriza a família Elapidae, de veneno muito potente e mortal, representada no Brasil pelo gênero Micrurus (corais verdadeiras).

Solenóglifas: (soleno = canal) O maxilar superior tem tamanho reduzido, é móvel e tem presas canaliculadas tipo agulha de injeção. A rotação do maxilar permite a projeção das presas para a inoculação do veneno; há um músculo que move o dente de veneno para a frente e para trás. Os Viperídeos apresentam esta dentição.
A maior parte dos acidentes ofídicos são causados pelo gênero Bothrops (jararacas, 90%), Crotalus (cascavéis, 10%) e Micrurus (corais, 0,5%).
Todos os membros da família Viperidae do novo mundo (no Brasil: Bothrops, Crotalus e Lachesis) possuem fosseta loreal, característica bem visível nestes animais. Outra diferenciação pode ser feita pelas pequenas escamas do dorso da cabeça, de tamanho igual a do corpo, embora essa característica também seja encontrada nos Boidae, que não são peçonhentos. Todas as outras famílias de serpentes Brasileiras possuem o dorso da cabeça recoberto por grandes placas ou escudos.
As serpentes do gênero Bothrops normalmente habitam ambientes úmidos, matas e áreas cultivadas, celeiros (locais de proliferação de roedores). A picada apresenta dor imediata, edema, calor e rubor no local picado. Nas horas que seguem aparecem bolhas, necrose, oligúria e anúria. A ação do envenenamento botrópico é proteolítica, coagulante e hemorrágica. Portanto não devemos chupar o sangue da vítima (mesmo porque quem chupa o sangue pode se envenenar). Cortes podem aumentar a hemorragia. Torniquetes gangrenam o local afetado.
As cascavéis geralmente são encontradas em campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas. O conhecido “chocalho” na porção final da cauda, formado por “sobras” de mudas, facilita o reconhecimento das espécies de Crotalus. O local da picada apresenta um pequeno edema, sem alterações visíveis. A ação do veneno é neurotóxica, causando bloqueio pré-sinaptico da junção mioneural. Os sintomas do envenenamento crotálico são fácies miastêmicas típicas, com ptose palpebral bilateral (expressão de bêbado), oftalmoplegia (impossibilidade na execução de movimentos oculares) podendo ou não ocorrer diplopia (visão dupla). A atividade miotóxica parece ser responsável pelas dores musculares generalizadas. A existência de oligúria e, ou anúria serve como alerta para uma provável insuficiência renal aguda, geralmente com quadro de necrose tubular.
As “corais verdadeiras”, gênero Micrurus, possuem uma boca muito pequena, atacando o homem somente em caso de agressão. Neste tipo de acidente, a sintomatologia surge logo (em minutos) devido ao baixo peso molecular das neurotoxinas. O envenenamento causa fácies miastêmicas com ptose palpebral lateral, paralisia da musculatura respiratória, oftalmoplegia e paralisia velopalatina.
O tratamento deve ser feito com administração do soro antiofídico específico. Os antivenenos são obtidos a partir de soros de cavalos hiperimunizados com venenos específicos e são preparados para quatro gêneros de serpentes peçonhentas: antibotrópico (Bothrops), anticrotálico (Crotalus), antibotrópico/crotálico (polivalente); elapídico (Micrurus), antilaquético (Lachesis) e antibotrópico/laquético.
A profilaxia dos acidentes ofídicos são medidas básicas de prevenção:
- não andar descalço. O uso de perneiras ou botas de cano alto podem evitar de 50 a 70% dos acidentes.
- utilizar luvas nas colheitas. Cerca de 20% dos acidentes ofídicos atingem as mãos e antebraços.
- manter limpa a área ao redor das moradias e evitar acúmulo de madeiras, tijolos ou pedras junto às habitações.
- preservar a vida de emas, seriemas, corujas, gaviões, inimigos naturais das serpentes (equilíbrio ecológico).

Ordem Crocodylia
Os Crocodylia surgiram no Triássico (240 m.a.) e parecem ter substituído um grupo relacionado, os Phytosauria (extintos), no final desse período. Ambos os grupos são/eram compostos por piscívoros aquáticos. Os Crocodylia modernos apresentam hábitos semi-aquáticos, mas as formas do triássico eram terrestres.
Nos Crocodylia as narinas encontram-se nas extremidades do focinho e há um palato secundário que separa as passagens nasais da cavidade bucal, deslocando as passagens de ar para a porção posterior da boca. Uma dobra de tecido com origem na base da língua forma uma vedação a prova d’água entre a boca e a garganta, possibilitando que os Crocodylia respirem apenas com as narinas expostas, sem inalar água pela boca.
A cauda achatada lateralmente impulsiona o corpo dos Crocodylia na água e os membros são mantidos junto ao corpo para reduzir o atrito com a água. A maioria das pouco mais de 20 espécies encontradas atualmente sobrevive em regiões tropicais e sub-tropicais, mas três espécies apresentam distribuição que estende-se pela zona temperada. Em muitos aspectos os Crocodylia são os animais atuais que mais se assemelham às formas do mesozóico e têm sido utilizados como modelos nas tentativas de análise da ecologia e comportamento dos Dinosauria. Os Crocodylia são ectotérmicos e aquecem-se ao sol para elevar a sua temperatura.

4 comentários:

  1. Professor,
    acho q fui a primeira né.
    agora eu quero meu ponto.
    =D
    bjão.
    adorei o blog.

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  2. Valew Laís! realmente vc foi a primeira ta registrado aqui!
    bj

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  3. Muito boa a explicação. Parabéns pela iniciativa Vilmar. ..

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  4. Muito boa a explicação. Parabéns pela iniciativa Vilmar. ..

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