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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Classe condrichthyes (peixes cartilaginosos)

tubarões
Subclasse Elasmobranchii
raias
Subclasse Holocephali quimeras
Características Gerais:
-Esqueleto cartilaginoso.
-Ectotérmicos.
-Grupo relativamente homogêneo de peixes (em morfologia, fisiologia e comportamento), quase todos marinhos.
-Geralmente predadores de outros peixes (tubarões) ou predadores de invertebrados (raias e quimeras); algumas formas são filtradoras (tubarão-baleia).
-Variam de 50 cm até 15 m de comprimento. O tubarão-baleia é o maior peixe cartilaginoso com até 15 m. Por ser um consumidor primário (filtrador de plâncton) têm alimento em abundância e provavelmente esta é a razão pela qual ele pode atingir um grande tamanho (esta tendência é observada em outros grupos animais).
-Acumulam uréia no sangue como forma de aproximar a concentração do sangue àquela da água do mar.
-As branquias não estão recobertas por opérculo.
-Não apresentam bexiga natatória; o fígado armazena gorduras que auxiliam na flutuação.
-Intestino com válvula espiral (não nas quimeras).
-Corpo coberto com escamas placóides (dentículos).
-Boca com dentes que são escamas placóides especializadas (exemplos: tubarões com dentes cortantes para rasgar a carne de presas; raias e quimeras com dentes trituradores para esmagar a carapaça de invertebrados).
-Nadadeiras peitorais situadas adiante das nadadeiras pélvicas; estas estão providas de órgãos copuladores nos machos, chamados de cláspers, que possibilitam a fecundação interna.
-Os Chondrichthyes podem ser ovíparos, ovovivíparos e vivíparos.
-Nadadeira caudal geralmente heterocerca.
-Linha lateral presente
-Coração com três câmaras (seio venoso, átrio e ventrículo).
A Origem da Raias:
A forma do corpo dos tubarões é mais primitiva (menos especializada). Durante o Permiano e início do Triássico (cerca de 250 m.a.) o número de peixes que eram presas dos tubarões declinou por razões desconhecidas. Isto fez declinar o estoque alimentar dos tubarões.
Como a cabeça dos tubarões já era achatada por razões hidrodinâmicas (para estabilizar o corpo durante a natação) eles apresentavam pré-adaptações à ocupação do fundo (vida bentônica).
Então, no Permo-Triássico eles passaram a se alimentar de invertebrados de fundo e originaram os ancestrais das raias, já com o corpo bastante achatado dorso-ventralmente. Quando o número de espécies de peixes presas voltou a crescer alguns destes elasmobrânquios de fundo voltaram a adquirir um corpo adaptado à vida nectônica, originando os tubarões modernos.

Natação nos Chondrichthyes:
A natação nos Chondrichthyes é menos especializada que a natação dos peixes ósseos mais avançados. A natação dos peixes cartilaginosos não tem o mesmo controle preciso como observado nos peixes ósseos nadadores ativos, o que é aparentemente devido à anatomia das nadadeiras dos dois grupos.
A natação geralmente é feita por ondas de contração muscular que se propagam pelos músculos do corpo, dispostos metamericamente.
O tubarão quando nada tende a afundar a cabeça; esta tendência é compensada pelas nadadeiras peitorais e pela forma achatada da cabeça, que horizontalizam o plano do peixe. As nadadeiras dorsais impedem que o tubarão gire sobre o seu eixo longitudinal, além de facilitarem mudanças de direção.
Durante as contrações musculares da natação o corpo não se encurta devido a sustentação conferida pela coluna vertebral. Na maioria das espécies não há notocorda contínua, a qual forma parte das vértebras. Em quimeras e tubarões primitivos há notocorda contínua, além da coluna vertebral.
Pele:
A pele é resistente, espessa e áspera, subdividida em epiderme e derme. Na epiderme ocorrem dentículos de origem dérmica chamados escamas placóides. Acredita-se que as escamas placóides representem resquícios da carapaça óssea dura dos placodermos, que no curso da evolução teria se fragmentado.
Esqueleto:
O esqueleto é sempre cartilaginoso. As principais partes do esqueleto dos Chondrichthyes (o que também é válido para Osteichthyes) correspondem ao condrocrânio, a coluna vertebral, ao esqueleto visceral e às cinturas escapular e pélvica. O condrocrânio dos peixes cartilaginosos, assim como o de vertebrados em geral, corresponde à fusão do crânio com as cápsulas nasais, cristas orbitais e cápsulas auditivas, formando uma estrutura contínua e única.
O esqueleto visceral (= esqueleto branquial), em vertebrados como um todo, corresponde ao conjunto de arcos viscerais localizados na região da faringe, bem como elementos modificados a partir deles. No caso de Chondrichthyes e Osteichthyes este esqueleto tem função de sustentação das câmaras branquiais faríngeas, além de formar as maxilas e proporcionar a sustentação delas.
A cintura peitoral (=cintura escapular) é evolutivamente mais antiga, maior e estruturalmente mais complexa que a cintura pélvica. A cintura peitoral confere sustentação às nadadeiras peitorais, enquanto a cintura pélvica confere sustentação às nadadeiras pélvicas. Costelas ocorrem articuladas à coluna vertebral e esta também se articula a cartilagens (= pterigióforos) que conferem sustentação às nadadeiras dorsal e anal. Em relação à nadadeira caudal, são elementos da própria coluna (arcos e espinhos neurais modificados) que conferem sustentação.
Respiração:
A boca do animal se abre e o seu soalho desce, de forma que a cavidade bucal se expande. A água entra na cavidade bucal; a boca se fecha. A parede da faringe se expande por movimentos musculares; o soalho da boca sobe e a água é forçada a passar para a faringe. A faringe se contrai e a água é forçada a passar através das fendas branquiais, onde as brânquias são oxigenadas e eliminam CO2. Nas raias e tubarões de fundo a entrada da água se dá pelo espiráculo (1 par de aberturas anteriores que correspondem a fendas branquiais modificadas) para evitar a entrada de sedimentos.
As brânquias estão dispostas em forma de lâmina e o sangue circula nestas lâminas em sentido oposto ao da água. Assim, o sangue quando sai da região branquial tem máxima concentração de 02 e mínima de CO2. Este mecanismo circulatório é chamado de fluxo contracorrente e é típico da respiração branquial de peixes em geral.
Sistema Digestório:
O sistema digestório dos Chondrichthyes é mais complexo que o dos Agnatha.
Formado por: 1- boca com dentes, 2- faringe, 3- esôfago com grossas paredes musculares, 4- estômago (não há estômago típico nos Agnatha) dividido em região cárdica (descendente) e pilórica (ascendente), 5- esfincter pilórico, 6- intestino delgado com válvula espiral, 7- intestino grosso, 8- reto e 9- ânus.
A boca apresenta dentes de origem dérmica (escamas placóides modificadas),
voltados para trás e dentes de reposição. Na faringe existem glândulas mucosas; o muco secretado por estas glândulas facilita o deslizamento do alimento até o estômago. O estômago corresponde a uma câmara de armazenamento de grandes pedaços de alimento ou de presas inteiras. No estômago glândulas secretam ácido clorídrico, para evitar putrefação bacteriana, e pepsina, enzima que digere proteínas em meio ácido. Após o esfincter pilórico abrem-se os condutos do fígado e pâncreas. O fígado é grande e bilobado; recebe sangue venoso pela veia porta que vem diretamente do intestino. Há armazenamento de glicogênio e gorduras no fígado.
Além dessas funções o fígado aparentemente destrói glóbulos vermelhos velhos e desativa substâncias tóxicas presentes no sangue. A bilis, produzida pelo fígado, é armazenada na vesícula biliar. Pâncreas diferenciado (nos Agnatha não há pâncreas diferenciado), com céluas exócrinas (secretam enzimas digestivas) e endócrinas (secretam insulina). O intestino delgado possui a válvula espiral que é uma prega interna que aumenta a superfície de absorção. Esta porção do trato digestivo tem pH alcalino e há secreção de enzimas tais como tripsina, amilase e lipase.
Sistema Circulatório:
O coração possui três câmaras musculares: seio venoso, átrio (aurícula) e ventrículo.
O sangue possui altas concentrações de uréia. Acredita-se que os ancestrais dos Chondrichthyes fossem de água doce; quando houve a invasão dos mares pelo grupo, passaram a acumular uréia como meio de aproximar a concentração osmótica interna àquela do mar.
Sistema Urogentital:
Os rins (2) são mesonéfricos. Uma porção dos túbulos dos rins está especializada na absorção da uréia.
A fecundação é interna; os sexos são separados; geralmente produzem poucos ovos, que são grandes e ricos em vitelo. As fêmeas possuem um único ovário grande. Os óvulos, após sairem do ovário, são conduzidos por batimentos ciliares do peritôneo até um par de funís que se encontram atrás do coração. Os funís estão conectados aos ovidutos e ambos fazem parte dos rins pronefros, que perdem a função renal nos adultos. Na parte superior do oviduto há glândulas de albumina e na parte inferior glândulas que secretam a casca córnea, que recobre os ovos nas espécies ovíparas.
Os machos possuem dois testículos. Os espermatozóides são transferidos à fêmea através de um par de órgãos copuladores chamados de cláspers, que são parte das nadadeiras pélvicas modificadas. Apresentam ereção e mecanismo injetor, sendo inseridos na cloaca da fêmea.
Podem ser ovíparos, ovovivíparos e vivíparos. A viviparidade é comum no grupo e neste caso o oviduto se transforma em útero. Podem apresentar um tipo de placenta derivada do saco vitelínico, como forma de conectar o embrião à mãe. Em algumas espécies ocorre secreção de leite uterino, que é injetado no espiráculo do filhote.

Sistema Nervoso e Órgãos dos Sentidos:
O encéfalo é grande e possui estruturas com detalhes diferentes quando comparado ao encéfalo de Agnatha e Osteichthyes. Possuem 10 pares de nervos cranianos.
Os órgãos dos sentidos são os seguintes:
-Sacos nasais (1 par), responsáveis pela olfação. O olfato nos tubarões é muito importante, pois permite reconhecer a presença de alimento à distância. Os tubarões martelo têm olfação muito aguçada, pois a distância entre as narinas permite uma triangulação muito eficiente da fonte de alimento.
-Botões gustativos, reconhecem o tipo de alimento apresado; estão presentes principalmente na faringe.
-Olhos (1 par), responsáveis pela visão. Os olhos são desenvolvidos (principalmente nas quimeras). São importantes na detecção de presas e inimigos. Na maioria das espécies a retina apresenta apenas células visuais do tipo bastonete, responsáveis pela visão em preto e branco; algumas espécies também possuem cones, que são células visuais responsáveis pela visão de cores. O cristalino, presente no olho do tubarão, apresenta-se conectado a músculos e acomodado para visão à distância, pois o tubarão detecta presas ao longe. Quando quer focar um objeto próximo, o cristalino é movido para frente, afastando-se da retina.
-Ouvidos (1 par), responsáveis pelo equilíbrio e talvez audição. Apresentam apenas ouvido interno. Cada ouvido é formado por três canais semicirculares. Grãos de areia penetram no ouvido através de uma abertura para o exterior; os grão de areia permanecem sobre cílios em três áreas do ouvido (utrículo, sáculo e lagena), que funcionam como receptores gravitacionais e de aceleração angular.
-Células sensoriais táteis espalhadas pelo tegumento.
-Sistema de linhas laterais (sua origem embriológica está associada àquela dos ouvidos internos), responsável pela percepção de correntes e movimentos na água, detecção de objetos a distância (tato a distância, bem como aproximação ou afastamento de objetos).
Corresponde a um sistema de canais, poros e depressões subepidérmicos conectados entre si e distribuídos pela cabeça e corpo, sensíveis a vibrações mecânicas transmitidas através da água. A unidade básica dos mecanorreceptores são os neuromastos (conjunto de células sensoriais ciliadas coberto por uma cúpula gelatinosa). A vibração mecânica penetra o canal e vibra a cúpula gelatinosa, que por sua vez movimenta os cílios das células sensoriais. Os órgãos da linha lateral podem servir como um sistema de orientação, pois as turbulências geradas pelo peixe colidem com objetos e voltam até ele, sendo detectadas pelos órgãos da linha lateral.
-Eletrorreceptores. As ampolas de Lorenzini são formadas por células eletrorreceptoras alojadas em canais subepidérmicos preenchidos por uma substância gelatinosa condutora de eletricidade (são modificações dos órgão da linha lateral que deixam de ter função mecanorreceptora e passam a ter função eletrorreceptora). As ampolas de Lorenzini funcionam como voltímetros muito sensíveis (órdem de percepção de 0,01 microvolt por cm) detectando campos elétricos (= mudanças do potencial elétrico no espaço). A sensibilidade elétrica é usada para detectar presas e provavelmente para orientar a natação
(casco metálico de barcos e ataques de tubarões).

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