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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Classe agnatha

Ordem Myxiniformes (feiticeiras; 15 espécies)
Subclasse Cyclostomata
Ordem Petromyzontiformes (lampréias; 30 espécies)
Primeiros vertebrados no registro fóssil; a sua origem ocorreu há cerca de 550 m.a. Estes peixes fósseis, conhecidos como ostracodermos, não apresentavam mandíbulas e provavelmente se alimentavam de detritos e matéria em decomposição do fundo do mar. Morfologicamente lembram lampréias com armaduras ósseas supostamente usadas como defesa contra os escorpiões-marinhos (subclasse Eurypterida), muito abundantes nos ambientes marinhos há cerca de 500 m.a.
As formas atuais também não apresentam mandíbulas, mas perderam a armadura óssea; são considerados os vertebrados mais simples e mais diretamente aparentados aos primeiros vertebrados conhecidos no registro fóssil. As formas atualmente conhecidas não podem ser consideradas propriamente como primitivas, pois algumas apresentam hábitos especializados derivados. Podem ser parasitas, necrófagos ou predadores de pequenos invertebrados. Assim, as lampréias e feiticeiras devem ser diferentes dos ancestrais dos gnatostomados.

Características Gerais:
-Ectotérmicos.
-As larvas, quando presentes, são filtradoras (micrófagas), possuem endóstilo parecido ao do anfioxo (na metamorfose o endóstilo se transforma na glândula tireóide).
-A corrente de água para a alimentação da larva é gerada por contrações musculares e não por batimento ciliar, como observado nos outros grupos de invertebrados cordados. A utilização de um sistema muscular mais eficiente no bombeamento de água do mar para o interior das larvas fez com que estas pudessem crescer mais do que os invertebrados cordados como o anfioxo. Este sistema, por bombeamento muscular, sustenta animais de cerca de 20 cm de comprimento e 10g de peso.
-As nadadeiras dos agnatos nunca são pareadas.
-Não apresentam escamas.
-Apresentam corpo alongado.
-Esqueleto catilaginoso, coluna vertebral pouco desenvolvida, notocorda desenvolvida.


Ordem Myxiniformes (feiticeiras)
-Marinhos, com geralmente menos de 1 m de comprimento.
-Vivem enterrados no lodo ou areia, alimentando-se de poliquetos e outros invertebrados, assim como de peixes mortos ou moribundos (escavam galerias na carne dos peixes)
-Apresentam uma série de glândulas secretoras de muco ventro-laterais; o muco é secretado na região branquial de peixes agonizantes que serão usados como alimento ou secretado ao redor do corpo da feiticeira, formando um casulo que protege o animal quando ele é atacado por predadores.
-Apresentam tentáculos sensoriais ao redor da boca.
-Não apresentam dentes verdadeiros, mas sim dentes córneos.
-A água entra pelo orifício nasal e é bombeada por músculos para trás até as câmaras branquiais e daí vai para o exterior através das aberturas branquiais (em número de 1 a 15 pares), ocorrendo as trocas gasosas.
-Além da respiração branquial, há respiração cutânea.
-Sangue isotônico com a água do mar (característica única dentre os vertebrados).
-Apresentam corações acessórios na região caudal
-Presença de um único canal semicircular no órgão vestibular (percepção da posição da cabeça do animal e das acelerações angulares).
-Olhos rudimentares e não funcionais, cobertos por pele.
-Percebem mudanças de luminosidade através de receptores cutâneos concentrados na cabeça e região cloacal.
-Apresentam 10 pares de nervos cranianos.
-Rins pronefros persistem no adulto e sua separação dos mesonefros não é marcante (são contíguos)
– característica primitiva.
-Sexos separados, fecundação desconhecida, desenvolvimento direto.

Ordem Petromyzontiformes (lampréias)
-Apresentam de 25 cm a 1m de comprimento.
-Apresentam duas fases de vida: larval em água doce, com regime alimentar micrófago, e adulta, geralmente marinha, parasita de peixes. A larva enterra-se no sedimento e filtra detritos como o anfioxo; porem o anfioxo é sempre marinho e a larva de lampréia é de água doce. Em algumas espécies a fase larval é prolongada e a metamorfose se dá na água doce; o adulto não se alimenta, vive apenas alguns dias na água doce, reproduz e morre. Na maioria das espécies a fase larval é curta e após a metamorfose origina-se um animal que migra para o mar, cresce e quando adulto volta ao rio para se reproduzir.
-Apresentam células secretoras de muco na epiderme.
-Apresentam cromatóforos na derme, responsáveis por mudanças de cor no animal.
-Próximo à narina e entre os olhos encontra-se o terceiro olho ou olho pineal.
-Apresentam uma única nadadeira de cada tipo (nunca são pares).
-Nadam com movimentos similares ao da enguia, ondulando o corpo. Este tipo de natação é pouco eficiente, se comparado ao apresentado por espécies de peixes ósseos com natação ativa.
Respiração
A água entra pela boca e sai pelas fendas branquiais (geralmente 7 pares). Nas fendas branquiais há branquias responsáveis pelas trocas gasosas. Quando as lampréias estão presas a rochas através da ventosa bucal ou quando estão se alimentando, a respiração é feita pela entrada e saída de água pelas fendas branquiais. Portanto a água não atinge as câmaras branquiais via narinas, como visto em feiticeiras.
Esqueleto
Apresenta um conjunto de cartilagens responsáveis pela sustenção do corpo. Abaixo da medula espinhal (= tubo nervoso dorsal) ocorre a notocorda, que evita o encurtamento do corpo quando ocorrem as contrações musculares para a natação.
Tubo digestivo
Formado por: VENTOSA BUCAL, CAVIDADE BUCAL, ESÔFAGO, INTESTINO, RETO COM PEQUENOS DIVERTÍCULOS ASSOCIADO A UM FÍGADO COM VESÍCULA BILIAR, ÂNUS. Ventosa bucal formada por papilas que apresentam terminações nervosas sensoriais, além de ajudarem na aderência. No interior da ventosa e sobre a língua existem dentes córneos (não são dentes verdadeiros). A língua funciona como uma lima para desgastar a pele da vítima. Após a ventosa vem a cavidade bucal. A boca bifurca-se em um esôfago dorsal que conduz os alimentos até o intestino; a bifurcação ventral comunica-se com a faringe com fendas branquiais e tem função respiratória. Duas glândulas salivares ocorrem sob a língua e produzem substâncias anticoagulantes. O principal alimento é o sangue e fluidos corpóreos das presas (=peixes), bem como fibras musculares. Não há pâncreas definido mas sim células na parede intestinal que desempenham as funções do pâncreas.
Sistema Circulatório
Coração com três câmaras. 1 -Seio venoso (recebe o sangue venoso do corpo); 2 -átrio (ou aurícula); 3 -ventrículo de paredes musculares grossas que impulsiona o sangue para todo o corpo.
As hemácias são nucleadas e há hemoglobina no sangue (= pigmento respiratório muito comum em vertebrados).
Sistema Urogenital e Reprodução
Na água doce ocorre uma tendência osmótica de entrada de água no corpo do animal para diluir a concentração interna de sais que é maior que a concentração de sais do meio externo.
Assim, evoluiu um órgão para separar a água dos sais, eliminando-a posteriormente. Na larva da lampréia já é possível observar um conjunto anterior de funís excretores que são os rins pronefros.
A medida que o animal cresce os rins pronefros vão perdendo a função renal e sendo substituídos por um conjunto mais posterior de funís chamados rins mesonefros, que são mais eficientes na eliminação de água e excretas. Os rins mesonefros permanecem no adulto.
Nas larvas não há diferenciação sexual, que ocorre tardiamente. Não há gonodutos e os óvulos e espermatozóides são liberados no celoma por rompimento das gônadas. Daí os gametas saem para o exterior caindo nos condutos mesonéfricos e sendo conduzidos até a cloaca do animal.
Na época reprodutiva cavam um ninho na areia, retirando as pedras grandes. Os sexos podem ser separados, mas também pode ocorrer hermafroditismo. A fecundação é externa e a fêmea produz centenas ou milhares de óvulos. Existem adaptações cloacais que permitem uma fecundação mais eficiente e uma correta colocação dos ovos no ninho.
Sistema Nervoso e Órgãos dos Sentidos.
Ocorre um encéfalo muito mais desenvolvido que o alargamento presente na porção anterior do tubo nervoso do anfioxo. O sistema nervoso central (encéfalo mais medula espinhal) está associado à atividade exploratória da lampréia, bem como de vertebrados em geral. No encéfalo é possível reconhecer projeções correspondentes aos diferentes órgãos sensoriais concentrados na cabeça. Apresentam 10 pares de nervos cranianos.
O corpo pineal, também conhecido por terceiro olho, apresenta células fotorreceptoras. A luz incidindo no corpo pineal faz com que este atue na hipófise, a qual libera um hormônio que expande os melanóforos.
Órgãos vestibulares: correspondem ao ouvido interno (1 par) formados cada um por dois canais semicirculares com regiões ciliadas chamadas de máculas. Nas máculas existem otólitos suspensos sobre os cílios. Com a movimentação da cabeça os otólitos pressionam de forma diferencial as regiões ciliadas, permitindo ao animal perceber a posição da cabeça em relação à força gravitacional, bem como as acelareções angulares.
Os olhos pares da lampréia têm estrutura parecida com aquela dos demais vertebrados. A origem embriológica é similar àquela do olho pineal: evaginações da parede do encéfalo. A movimentação dos olhos ocorre pela ação de músculos externos.
Fotorreceptores estão presentes na pele da lampréia. Estes fotorreceptores são células sensíveis à luz e são abundantes na cauda da lampréia.
História Natural e Ciclo Biológico das Lampréias.
São pouco conhecidas na fase marinha do ciclo. Não se sabe ao certo quanto tempo vivem no mar, mas sabe-se que voltam uma única vez aos rios para desovar e morrer em seguida. Na subida dos rios são pescadas como alimento. Embora eventualmente usadas como alimento, certas espécies de lampréia têm causado prejuizos imensos à indústria pesqueira da América do Norte.
Certas regiões foram invadidas pela lampréia como consequência de atividades humanas. Nestes locais as populações de espécies comerciais de peixes, como o salmão, foram dizimadas pelos ataques da lampréia. Algumas espécies têm todo o seu ciclo de vida em água doce.

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