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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Solo, agricultura e meio ambiente

1.       O solo
Solo é a parte superior da crosta terrestre resultante da decomposição de rochas e capaz de permitir o crescimento de plantas.
No solo interessa o conhecimento da sua textura, estrutura, composição química, grau de acidez ou alcalinidade.
Textura
Refere-se ao tamanho das partículas que compõem o solo. Assim sendo, podemos classifica-lo em:
Cascalho – diâmetro acima de 2mm
Areia grossa – diâmetro entre 0,2 e 2mm
Areia fina – diâmetro entre 0,02 e 0,2mm
Limo – diâmetro entre 0,002 e 0,02mm
Argila – diâmetro inferior a 0,002mm
Estrutura
É a proporção existente das diversas partículas que compõe o solo e a maneira como estão arranjadas. Assim, um solo arenoso possui maior quantidade de areia; um solo argiloso maior quantidade de argila etc.
Da estrutura do solo dependem algumas qualidades importantes, como a permeabilidade e o arejamento.
Entre as partículas do solo existem espaços que são ocupados pela água e pelo ar. No solo seco os espaços são ocupados pelo ar. Quando chove, a água penetra no solo, os espaços são preenchidos pela água e o ar vai sendo progressivamente eliminado. No solo encharcado a quantidade de ar é pequena. À medida que a água penetra no solo, ocorre dissolução dos íons solúveis, permitindo o seu aproveitamento pelas raízes das plantas.
A retenção de água e íons minerais dpende da superfície das partículas. Assim, num mesmo volume de solo quanto menor a partícula, maior será a superfície.
Dessa forma, os solos arenosos retêm água e nutrientes minerais. Já os solos argilosos e limosos são mais ricos em nutrientes minerais e são capazes de reter água.
A composição química é importante porque dela depende o fornecimento de nutrientes minerais para as plantas. A alcalinidade, a acidez do solo, interfere no tipo de vegetação que é capaz de se desenvolver.
O húmus
Húmus é a matéria orgânica vegetal ou animal, escura, resultante da ação dos microorganismos do solo (fungos e bactérias) que promovem a reciclagem da matéria. O húmus constitui uma fonte contínua de minerais indispensáveis para o crescimento das plantas.
O húmus dá coesão aos solos arenosos e diminui a coesão dos solos argilosos. Facilita a solubilização dos elementos fertilizantes insolúveis e a circulação do ar e da água. Favorece, ainda, a vida dos microorganismos.
O solo deve sempre ter uma certa quantidade de húmus.
Em relação à quantidade de húmus, os solos são classificados em:
Humíferos – quando possuem de 5% a 10% de húmus.
Humosos – quando possuem de 10% a 20% de húmus.
Turfosos – quando possuem mais de 20% de húmus.
A minhoca e a produção de húmus
A criação de minhocas (minhocultura) constitui hoje uma atividade zootécnica muito importante, que tem como objetivos:
- produção de alimento (proteína) para a criação de vários animais (rã, peixes etc);
- produção de húmus (esterco de minhoca).
Atualmente, o húmus de minhoca é produzido a partir da minhoca vermelha da Califórnia. O alimento normalmente usado é o esterco de gado fermentado ou bioestabilizado.
As minhocas alimentam-se de matéria orgânica em decomposição. Assim, o fato de se encontrar um numero elevado de minhocas num determinado local significa que o solo é rico em matéria orgânica e também em nutrientes minerais.
Os nossos solos são, em geral, pobres em matéria orgânica. Isso faz com que as minhocas tenham de ingeriri grandes quantidades de terra para obterem o alimento necessário para a sua sobrevivência. À medida que ingerem a terra, cavam verdadeiras galerias no solo, que permitem a circulação do ar, isto é, garantem a porosidade do solo e a sua fertilidade.
De tudo isso, pode-se concluir que o solo que passa pelo intestino da minhoca ao ser expelido apresenta, em relação ao solo circunvizinho, maiores teores de matéria orgânica e de elementos minerais facilmente assimiláveis pela planta, e também uma rica e diversificada fauna e flora microbiana.
Os elementos minerais do solo
Os nutrientes minerais são indispensáveis para o crescimento sadio das plantas. São absorvidos pelos pêlos absorventes das raízes e utilizados para muitas funções vitais dos vegetais. Os nutrientes minerais são subdivididos em dois grupos: macronutrientes ou macroelementos e micronutrientes ou microelementos.
Macronutrientes – são aqueles requeridos pelos vegetais em maiores quantidades. Entre eles citamos o nitrogênio (N), o fósforo (P), o potássio (K), o cálcio (Ca), o magnésio (Mg) e o enxofre (S).
Micronutrientes – são aqueles de que as plantas necessitam em pequenas quantidades. Entre eles encontram-se o zinco (Zn), o boro (B), o ferro (Fe), o cobre (Cu), o molibdênio (Mo) e o cloro (Cl), entre outros.
A erosão
Erosão é a remoção de partículas do solo das partes mais altas e o seu transporte para as partes mais baixas do terreno ou para o fundo de lagos, lagoas, rios e oceanos.
A erosão é provocada pela ação das águas e dos ventos.
No Brasil, a erosão mais importante é provocada pela ação da água, também chamada erosão hídrica.
A erosão realiza-se se em duas fases: desagregação e transporte.
A desagregação é provocada pelo impacto das gotas de chuva e pela água que escorre na superfície. O impacto direto das gotas de chuva no solo desprotegido, cuja vegetação foi destruída, provoca a desagregação da partícula.
As partículas desagregadas são agora transportadas pelas enxurradas. O transporte depende do tamanho das partículas. Assim, as partículas diminutas de argila e limo são facilmente carregadas pelas águas das enxurradas.
A erosão provocada pelas águas pode ser superficial quando o solo vai sendo carregado lentamente, sem que o problema seja notado. Quando os agricultores percebem a erosão, muitas vezes o solo já está improdutivo.
A erosão pode ocorrer também em forma de sulcos e em voçorocas. Elas ocorrem quando no terreno, em declive, sulcos de valetas são abertos com o transporte do solo. Este tipo de erosão é o que chama mais a atenção dos agricultores, porque torna o solo improdutivo em tempo muito curto.
Como evitar a erosão em solos cultiváveis
No solo coberto com vegetação o impacto da água da chuva é absorvido e ocorre maior infiltração de água no solo, evitando a formação de enxurradas.
As raízes entrelaçadas das plantas seguram mais o solo, dificultando a erosão. A água infiltrada no solo abastece os lençóis subterrâneos, que depois afloram para formar as nascentes (olhos d’água). Como não ocorre a formação de enxurradas, os rios não ficam com seu volume muito aumentado, não ocorrendo, consequentemente, as enchentes nos campos de cultivo e nas cidades.
De tudo isso pode-se concluir que o manejo correto do solo evita a sua destruição.
Existem alguns cuidados importantes que devem ser utilizados para a conservação do solo, entre eles:
- A plantação em terrenos em declive deve ser feita com o emprego de curvas de nível e terraceamento. Esses terrenos devem ser usados para reflorestamento e formação de pastagens. Nunca devem ser usados para culturas anuais (milho, feijão etc.).
- As culturas anuais, que exigem aração anual, devem ser feitas em terrenos planos.
- Nunca deixar o solo nu. Quando se fazem as capinas, as plantas devem ser roçadas, e não arrancadas do solo. Deixar o solo com a cobertura morta (palhada). Dessa maneira, a vegetação morta forma um acolchoado protetor do solo, procurando imitar a natureza.
- Fazer rotação de culturas. Cada tipo de cultura tem exigências diferentes de nutrientes minerais. Na rotação, as culturas alternam-se no mesmo terreno, evitando um desgaste exagerado do solo. Está provado também que a rotação elimina muitas pragas de insetos.
- Uso adequado e controlado das maquinas agrícolas, evitando que o excesso venha a facilitar a erosão.
- Plantio de grama nos taludes das estradas.
A fertilidade do solo
Os sais minerais são indispensáveis para o crescimento das plantas. As plantas retiram os sais do solo para fabricar o seu próprio alimento. O homem colhe os vegetais para seu alimento e o solo vai empobrecendo. Diante disso, como manter o solo fértil?
Existem alguns processos:
- Aplicação de adubos (fertilizantes) fabricados pelo homem. São muito caros e nem sempre dão os resultados esperados.
- A melhor forma é realizar um processo racional para conservar a saúde do solo, aumentar a produtividade e gastar pouco com adubos e venenos. Nesse sentido, são procedimentos a serem tomados:
·         Evitar a monocultura, isto é, o cultivo da mesma espécie de planta.
·         Plantar em linhas alternadas duas ou mais culturas. Ex.: milho e amendoim
·         Fazer rotação de culturas, isto é, alternar as culturas.
·         Fazer adubação verde. Devem-se plantar leguminosas (amendoim, feijão, soja e outras), que são capazes de enriquecer o solo com nitrogênio.
·         Incorporar, no solo, restos mortos de vegetais para a formação do húmus.
As queimadas
As queimadas são utilizadas desde tempos antigos para derrubada das matas e limpeza dos terrenos que serão utilizados para o cultivo e a formação de pastagens. Este método, que muitos agricultores dizem ser mais barato e facilitar a formação de minerais, é altamente prejudicial para os ecossistemas. As queimadas devem ser evitadas por vários motivos:
- provocam a morte dos microorganismos que dão vida ao solo e que permitem a reciclagem da matéria. Nada vive após a queimada; minhoca, bactérias, fungos, todos morrem.
- provocam a perda de muitos minerais, que são levados junto com a fumaça. A fumaça contém gás carbônico e cinzas, que levam os minerais para o ar.
- levam a um desequilíbrio mineral da terra. As plantas cultivadas crescem menos e ficam mais vulneráveis ao ataque de pragas. As colheitas diminuem.
Infelizmente, devido à ignorância e ao desconhecimento desses malefícios, milhares de quilômetros cobertos com florestas são queimados anualmente, no Brasil.
Derrubar as florestas para a prática da agricultura é recomendável?
Não. Os solos são, na verdade, uma mistura de partículas minerais e de húmus. As partículas minerais resultam da decomposição de rochas por ação da água, temperatura etc. o húmus resulta da decomposição da matéria orgânica vegetal e animal, e permite a circulação de ar. Além disso, contem nitrogênio e outros nutrientes minerais essenciais.
Os solos das nossas florestas são muito superficiais e frágeis, abaixo deles existe apenas areia.
Quando se destrói a floresta, as chuvas torrenciais rapidamente lavam o solo, carregando-o para longe e tornando-o muito pobre. As plantas cultivadas crescem muito pouco e são logo destruídas por pragas de insetos. Uma floresta tropical sem as suas árvores deixa de ser um paraíso luxuriante e verde para se transformar em uma região hostil e improdutiva.
As florestas, os rios e a preservação das florestas tropicais
A importância das florestas
Os ecologistas dizem que as florestas são o sustentáculo da vida na terra.
As florestas são importantes porque:
- mantêm o equilíbrio dos gases a atmosfera. Absorvem gás carbônico e eliminam oxigênio.
- estabilizam o clima, equilibrando a temperatura do ar como um verdadeiro “ar condicionado”.
- protegem os rios e o solo.
Fornecem alimento aos animais.
Auxiliam na formação de nuvens.
Proteção das nascentes ou fontes de água
A vegetação perto das nascentes de água nunca pode ser destruída. Veja por que:
- quando chove, as plantas facilitam a infiltração de água o solo.
- a água que penetra no solo encontra rochas impermeáveis.
- a água forma verdadeiros riachos subterrâneos. Esses riachos são os lençóis subterrâneos de água (lençóis freáticos).
- esses riachos subterrâneos afloram na superfície do solo e formam as nascentes ou fontes de água.
- Essas nascentes formam os riachos na superfície do solo, fornecem água para os sítios e fazendas.
A destruição dessa vegetação diminui a infiltração da água no solo, os lençóis freáticos secam, as nascentes e os riachos desaparecem.
As matas das margens dos rios
Ao longo das margens dos rios e riachos encontra-se uma vegetação muito importante. Essa vegetação forma as matas-galerias ou matas-ciliares. Essas matas protegem os rios e riachos e abrigam muitos animais.
Quando o homem elimina essa vegetação, podem ocorrer muitos problemas:
- intensa erosão;
- assoreamento;
- enchentes na época das chuvas;
- desaparecimento dos riachos e rios na estiagem.
O assoreamento
Como foi visto, a erosão arrasta partículas do solo, que acabam se depositando no fundo dos leitos dos rios, riachos, lagos, lagoas e oceanos. O acúmulo de detritos no fundo dificulta o escoamento da água, tornando as lagoas e lagos cada vez mais rasos, até a extinção. O assoreamento provoca ainda grandes enchentes, nos períodos das grandes chuvas. O leito raso do rio não comporta o imenso volume de água, invadindo as margens e alagando os campos e as cidades.
A derrubada das florestas
Atualmente, o manto verde do nosso planeta está rapidamente desaparecendo. Florestas inteiras estão sendo destruídas. O sol incide no solo nu, refletindo a radiação; à noite a temperatura cai vertiginosamente, já que nenhum calor fica retido. O ar e o solo ficam extremamente secos; as chuvas ficam cada vez mais escassas e, quando chove, o solo é rapidamente lavado e arrastado para longe. Vemos com isso que, à medida que a vegetação é destruída, o clima muda e o solo sofre erosão. Tais condições são inimigas da vida.
O desmatamento provoca a formação de desertos?
A resposta é sim. A eliminação da floresta deixa o ar e o solo secos. As chuvas diminuem e aparecem os desertos. Quando a floresta está presente, as árvores perdem água por evaporação. Este vapor auxilia na formação de nuvens que provoca as chuvas.

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