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sexta-feira, 29 de julho de 2011

COMPORTAMENTO ANIMAL


Introdução
As pinturas rupestres pré-históricas atestam que o homem, além de caçar e coletar dominava, há pelo menos 10.000 anos atrás, técnicas rudimentares de domesticação animal. Para isso, ele deveria ter intimidade com comportamento das espécies de interesse. Faz parte da natureza humana, não só a capacidade de aplicar os seus conhecimentos às suas necessidade práticas do cotidiano mas a de refletir sobre as causas (ou porquês) dos fenômenos naturais, inclusive do comportamento animal.
Quando a teoria de Darwin sobre a origem e a evolução das espécies tornou-se o novo ponto de vista para se compreender a diversidade dos seres vivos (veja sugestões de leitura) os naturalistas passaram a indagar as causas da diversidade biológica não mais apenas na anatomia e morfologia dos animais. Era necessário estudá-los em plena atividade no próprio habitat, investigando as funções adaptativas do comportamento, mas também as causas de tamanha diversidade e o processo evolutivo.
O próprio Darwin foi um dos que realizou uma das primeiras comparações baseadas no comportamento animal (1). Conceituando o comportamento animal e as suas causas naturais Comportamento é um conjunto de atividades que os animais exibem no tempo e no espaço, em geral, constituído de posturas e de movimentos do corpo ou partes do corpo, incluindo ainda as atividades viscerais que não são tão visíveis. Mais comumente, os comportamentos são prontamente reconhecidos em categorias funcionais como: reflexos posturais, padrões de locomoção, comportamento alimentar, comportamento sexual, comportamento de cuidado parental, comportamento de comunicação, etc.
A Etologia, ramo da Biologia que se dedica ao estudo do comportamento dos animais, propõe um método científico de investigação baseado na premissa de que o comportamento possui causas imediatas e últimas (Tinbergen,1963; Alcock,1993).
Para compreendermos melhor o que significa isso vamos acompanhar algumas indagações que fez John Alcock, um eminente estudioso do comportamento animal, durante uma pesquisa de campo na Costa Rica. Ao tocar uma mariposa do gênero Automeris, subitamente ela abriu as asas e expôs um par de círculos.

Então, veio à mente de Alcook dois grupos de perguntas.
1. Qual seria a relação de causa e efeito entre genes e este comportamento?
2. Seria um traço comportamental herdado dos progenitores?
3. Teria o comportamento surgido em algum momento crítico do desenvolvimento?
4. Que estímulo sensorial teria desencadeado o comportamento e como esse estímulo é detectado?
5. Como os sistemas nervoso e muscular se integram para capacitá-lo a reagir deste modo?
Nestas cinco perguntas estão implícitas questões que tentam esclarecer as causas imediatas ou próximas do ato de abrir as asas: na ordem, as perguntas procuram dar inicio a investigações que tentam esclarecer se o comportamento em questão é geneticamente determinado e a se a fase do desenvolvimento ontogenético é crucial. Já as últimas perguntas enfocam os aspectos fisiológicos de como funciona o mecanismo de abrir as asas da mariposa. Em suma, a preocupação científica sobre o que causa o comportamento tem a ver com os mecanismos genéticos, ontogenéticos e fisiológicos (Tabela 1)
O pesquisador, não contente, tinha mais perguntas sobre as causas do comportamento observado:
6. Como esse comportamento teria originado e evoluído?
7. Qual seria a função desse comportamento ou para que ele serve?
8. Exibir este comportamento confere vantagem para a sua própria sobrevivência e chances aumentadas de se reproduzir?
David Blest (1957), havia sugerido que a função seria a de espantar os inimigos naturais da mariposa de modo que confundissem o par de manchas com os olhos dos predadores naturais. O que pode ter acontecido é que há milhões de anos, este tipo de resposta proporcionou vantagem adaptativa para o indivíduo portador desse caractere. A seleção natural favoreceu diferencialmente os indivíduos portadores e os seus descendentes em relação aos que não possuíam. Ao longo do tempo, o comportamento de abrir e expor o par de ocelos tornou-se uma estratégia de defesa anti-predatória, típica da espécie. Repare que esse outro grupo de perguntas enfoca as causas mais remotas do comportamento, ou seja, sobre o significado adaptativo, a origem e evolução
(Tabela 1).
Esse conjunto de perguntas está relacionado com a natureza causal do comportamento e foi Niko Tinbergen quem o propôs originalmente.
A Tabela 1 e a figura ao lado sumarizam de forma didática as causas do comportamento animal.
Tabela 1 Níveis causacionais do comportamento animal
CAUSAS IMEDIATAS
1. Mecanismos genéticos/ontogenéticos do comportamento
 Efeitos da hereditariedade sobre o comportamento
 Interações genético-ambientais durante o desenvolvimento ontogenético que afetam o comportamento
2. Mecanismos sensório-motores
 Detecção dos estímulos ambientais: ação do sistema nervoso
 Ajustes da responsividade endógena: ação dos sistemas hormonais
 Efetuação das respostas: ação do sistema músculo-esquelético
CAUSAS ÚLTIMAS
1. História biológica do comportamento
 Origem do comportamento e suas mudanças no tempo
2. Resultado da seleção natural na determinação do comportamento atual
 História adaptativa do comportamento em termos reprodutivos


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